quarta-feira, 18 de maio de 2011

UMA QUESTÃO DE RELACIONAMENTOS


Certo dia um homem conhecedor da lei judaica aproximou-se de Jesus e lhe interrogou (Mt 22: 35 a 40): “Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?” Em outras palavras, ele perguntou como Jesus resumiria o entendimento de toda a Lei que Deus deixou por intermédio de Moisés para seu povo. Esta pergunta serve para nós hoje, imagine uma entrevista exclusiva com Jesus Cristo, e a oportunidade de apenas uma pergunta. Talvez esta feita pelo doutor na lei fosse cair bem, mesmo em outras palavras: “Jesus, resume para nós seres humanos, o que fazer para obedecer plenamente à vontade de Deus?”

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Respondeu Jesus.

Para muitos de nós esta resposta soa simples demais para uma pergunta tão significante, ou quem sabe, foi uma resposta não muito prática ou objetiva para quem está acostumado a querer tudo prontinho e com aplicações diretas, que é bem característico de nossa geração.

Pensando nisto, foi que resolvi compartilhar meu entendimento sobre esta simples e profunda resposta de Jesus Cristo ao uma tão complexa e importante pergunta que muitas vezes passeia em nossas mentes.

Nas palavras do filho de Deus encontramos um tipo de sentimento: o amor, e três níveis de relacionamentos onde este sentimento deve ser empregado: Amar a Deus, amar a si mesmo e amar ao próximo. Cheguei a conclusão de que Jesus respondeu indiretamente que a vida que agrada a Deus resume-se em relacionamentos: primeiro com Ele, depois conosco e em seguida com nosso próximo.

É interessante pensar que em poucas palavras Jesus expressou a vontade de Deus para todos os seres humanos, deixando claro que, se o amor permear todos os nossos níveis de relacionamentos estaremos acertando nosso caminho com o Pai Eterno.

Poderemos avaliar a resposta de Cristo em nossas vidas através de três perguntas: Como vai nosso relacionamento com Deus? Como vai nosso relacionamento conosco mesmo? E como vai o nosso relacionamento com o próximo?

Vou dividir este texto em mais três partes que virão em seguida, um para cada pergunta acima, e que Deus nos ajude a entender e principalmente viver os seus ensinamentos em nossas vidas. Esta é apenas a introdução, não desista....

Com amor e graça,

Dailson

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A MAIS MISERÁVEL DAS POBREZAS



Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; (Ap 3:17).

Após ouvir uma pregação de Ed René Kwitz, comecei a refletir sobre os tipos de pobreza, e dentre eles quais os piores.

Para começar quero deixar claro que a definição de pobreza não é nada romântico ou agradável, e, segundo o dicionário, é escassez, indigência, penúria, pouca abundância, pequeno número. Este termo, em nenhuma colocação bíblica ou pessoal pode refletir algo desejável, ou alguma virtude, como alguns chegam a pensar.

No sermão da montanha pronunciado por Cristo, encontramos os “pobres de Espírito,” e os que, no texto, são chamados de bem aventurados, não osão por serem pobres de Espírito, mas por esta condição lhes garantir como recompensa o Reino dos Céus. A bem-aventurança não esta no que eles são, mas no que receberão por serem o que são.

Há a tão comum “pobreza de bens materiais”, a qual encontra neste mundo uma generosa fatia da população, calcula-se que 1,7 bilhão de pessoas se encontram neste nível. Normalmente esta é a pobreza mais falada, mais discutida, mais relacionada ao nome.

Mas há aquela que considero a mais degradante, a mais miserável de todas: “a pobreza de humanidade”. Gente que tem escassês de amor ao próximo, gente que é quase isenta de se envolver com a carência alheia, que se tranca em seu mundo particular, fechando todas as possibilidades de enxergar algo além do seu umbigo.

E estes miseráveis seres [quase] humanos estão espalhados em todos os níveis sociais, instituições e religiões. Jesus cita o exemplo de dois líderes religiosos que encontram um semelhante caído à beira da estrada, espancado, vítima de outros seres [quase] humanos, e que passam de largo, atravessam a calçada, para que não haja aproximação, e consequentemente envolvimento com o mal alheio. É gente que sua agenda, seus bens e seus caprichos são mais importantes que qualquer semelhante em apuros.

Atualizando esta história, quantos destes “pobres de humanidade” estão dentro de seus carros confortáveis, e ao se aproximarem de um semáforo, fecham seus vidros para o seu próximo necessitado, pois não podem atravessar a calçada, como fizeram os lideres religiosos da parábola. Ainda encontram desculpas baseadas no seu egoísmo, alegando falta de segurança, esquecendo da possibilidade de uma real pobreza e necessidade daqueles que estão do outro lado do vidro.

Não menos desumanizados, estão aqueles que negam nas ruas a um pedinte, as mesmas moedas que lhe incomodam o volume e o peso nas suas carteiras, demonstrando assim, mesmo que neguem, o lema de que: “Pra mim, você é problema seu.”

Passo a ver como é difícil para os pobres, carentes e necessitados deste mundo, encontrar-se com Deus e receber dele o seu amor e o seu suprimento, pois aqueles que muitas vezes se dizem seus filhos, não se tornam instrumentos deste amor e das ações que reduzam suas necessidades.

Precisamos repensar um pouco mais sobre qual a maior pobreza que nos atinge, para que dentro de nossas confortáveis e acomodadas vidas não sejamos encontrados por Deus como coitados, miseráveis, pobres, cegos e nus.

Com amor e graça,

Dailson

domingo, 1 de maio de 2011

Os sonhos mais lindos sonhei...

De volta à blogosfera...

Por várias vezes ensaiei uma volta ao meu blog, algumas delas ainda parei, meditei e rabisquei algumas coisas, mas não senti impulsos suficientes para voltar a expor minhas idéias, meus sonhos, conceitos, certezas e dúvidas. Acredito que com este texto estou voltando a navegar no mar dos blogueiros. Não escrevo por necessidade, nem para agradar a mim ou a outros, não tenho intenções de transformar este espaço em um meio de promoção ou ganho financeiro, o que faço é por amor ao que faço, e por isto preciso estar realmente motivado e inspirado para escrever.

OS SONHOS MAIS LINDOS SONHEI...

Depois de uma noite muito alegre com alguns dos meus amigos, regada por crepes, relâmpagos e trovões, e, antes de dormir, a minha cabeça ainda ruminava as conversas calorosas desta última sexta-feira a noite, então conclui e escrevi:

“Os mais consistentes e valorosos sonhos são aqueles construídos a partir da dura realidade da vida como ela é.”

A calorosa conversa (nome bondoso para uma discussão conflituosa) naquela mesa viajou por muitos terrenos das nossas vidas, pois gosto de levantar questões que põe em cheque alguns conceitos engessados, tanto os meus, quanto dos meus amigos, e com certeza isto gera polêmica. Tenho por objetivo, abrir oportunidades de repensarmos constantemente nossos aprendizados, afinal de contas, “eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”

Um destes terrenos que pisamos foi na questão, ou seja, na luta entre o sonhador e o cético. Esta disputa surgiu no momento em que revelei alguns do meus conceitos sobre vida e seus [des]encantos e sobre encontrar aquele ou aquela pessoa que vai nos fazer [in]felizes para sempre. Em se tratando disto, não costumo ser fantasioso ou me auto-iludir na tentativa de deixar mais bela a realidade destas coisas.

Sou consciente que vivo em um mundo caótico, em processo de ruína social, ecológica e moral causada pelos seus próprios habitantes.
Na minha leitura, a vida neste mundo nem sempre segue uma lógica racional, e a injustiça é quase sempre uma indesejável companheira de viagem que nos pega de assalto e nos deixa cheios de dúvidas e indignações.
Entendo hoje que o relacionamento a dois, que faz com que somente a morte os separe, não depende exclusivamente de termos encontrado a única pessoa certa para nós, no estilo alma-gêmea (novela global). Descobri que até posso achar a pessoa certa, mas que não vai ser suficiente achar e casar, pois durante o casamento se ambos não se esforçarem para construir um relacionamento sadio, duas pessoas certas podem dar errado.
A esta altura do campeonato, até você que está lendo deve ter chegado à conclusão: “Realmente ele é cético, possivelmente desiludido com a vida e mal amado.”

Eu pensei alguns segundos: sou cético mesmo? A minha maneira de pensar o mundo, as pessoas, a fé e os sonhos, são de alguém movido pelo ceticismo (Aurélio: estado de alguém que duvida de tudo; descrença;)?
Por não aceitar mais viver na “ilha da fantasia” da minha existência e por encarar o mundo de uma forma não romântica, nem inocente não me tornaram alguém cético, insensível, desiludido ou pessimista, e quem me conhece um pouco mais sabe disto.

Para que nossos sonhos sejam coerentes, precisam ser iniciados a partir da realidade, das dificuldades, da perspectiva real das nossas limitações e carências. Não se constroem sonhos a partir de sonhos.
Os maiores sonhos de liberdade surgiram nas mentes daqueles esquecidos nos calabouços das prisões.
Os sonhos mais lindos de libertação dos preconceitos humanos surgiram daqueles homens e mulheres marginalizados por sua cor, sua pobreza e suas limitações físicas.

Vivo em um mundo caótico sim, mas sonho com um reino que dará ordem ao caos, um reino em que os homens são iguais, em que encontramos esperança de dias melhores e que nos trasforma em sal e luz dentro desta caixa de pandora, um reino que já tem transformado o meu mundo, e que já faço parte dele: o reino dos céus.

Sei que a vida não tem sempre uma lógica, que muitas vezes semeamos uma boa semente, regamos com cuidado e amor na expectativa de uma excelente colheita, mas que pode acontecer uma grande tempestade e que vai arrasar toda a plantação. Mas sei também que o Deus que dá o crescimento à minha plantação, é o mesmo que me dará forças para recomeçar o plantio após a tempestade, e que vai sensibilizar o coração de outros filhos seus para chorar junto comigo no temporal, e me encorajar no replantio.

Podemos sim ser vítimas da injustiça, e até dos infortunos que a vida nos apronta, mas sei que não estarei só em nenhum momento, e que as adversidades que enfrento me tornam mais forte, mais maduro e mais preparado para a vida, pois estou ciente de que todas as coisas cooperam para o meu bem, que amo a Deus e fui chamado segundo o seu propósito.

Sonho em viver um grande amor, que não seja eterno apenas enquanto dure, mas que seja eternizado no dia a dia, nas decisões, nos perdões, nos princípios do criador para a família.
Sonho em encontrar alguém não apenas que foi segundo a vontade de Deus, mas que estará disposta a juntos, buscar esta vontade a cada instante da vida a dois.

Tenho os pés no chão, pois eles me dão estabilidade e segurança para que meu coração possa ter sonhos consistentes e valorosos juntos ao meu Deus.

Com amor e graça

Dailson