quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

EM BUSCA DE UM NATAL QUE FAZ SENTIDO


Reavaliando o [que tenho] sentido deste natal  

 

Não é a primeira vez que me sinto coberto por uma pequena nuvem de melancolia neste período natalino, e não sou o único a sentir isto. A princípio não entendo com clareza o porquê deste  meu estado de espírito, exatamente  em uma data tão especial para mim, afinal é o dia que comemoro o nascimento de Jesus Cristo,  filho de Deus, e meu Senhor e Salvador pessoal.

 Hoje passei parte do dia refletindo e tentando achar um porque ou uma razão que justifique meus sentimentos. Fui buscar nas formas mais tradicionais de comemorar o natal, e para minha decepção, esta busca  aumentou a minha tristeza. 

Fui a um Shopping muito movimentado, e toda aquela agitação de carros enfileirados no estacionamento,  lojas e corredores cheios,  gente comprando,  pacotes, presentes,  decoração natalina, luzes piscando,  fotos com papai Noel e meu filho querendo um presente a qualquer custo não preencheram nem acalantaram meu coração nesta data.

Também estive escutando nestes dias algumas mensagens de pastores que usam o tão precioso púlpito para discutir se o natal é ou não  no dia 25 de Dezembro, se o crente deve ou não ter uma árvore de natal em casa, se o dia de natal  realmente é uma festa pagã que foi camuflada para o cristianismo ou se a figura do Papai Noel está ou não trazendo para si os holofotes que deveriam ser para o aniversariante. Isto me cansou, pois me dá uma sensação de que está faltando assunto sério e Cristocêntrico nestes púlpitos, mais especificamente,  na cabeça dos que os usam. 

Ouvi comentários de alguns amigos e colegas  de trabalho sobre seus planos de sair na noite de hoje,  tomar todas,  ir para aquele tão esperado show, para a farra, vi ainda hoje muita gente produzida, usando roupa nova e com mil planos para aproveitar o feriado.

Presenciei os preparativos para a ceia natalina com a família ou amigos, ouvi os comentários da expectativa  do amigo secreto, da confraternização da empresa ou da turma que estuda. Todas estas coisas não me completaram e deixaram uma sensação de que algo está errado ou faltando no meu coração.  

Penso então no natal como exatamente é, a comemoração do aniversário de nascimento de Jesus Cristo, e partindo desta simples verdade, me proponho a meditar no que se passa no coração Dele quando no dia do Seu aniversário olha para o povo pelo qual nasceu, morreu e ressuscitou e não se sente incluído em quase nenhum destes tipos de  comemorações que nós estamos vivenciando neste dia. Creio que a tristeza no coração do meu Senhor me contagia, e me induz a tentar  descobrir o que realmente  alegra o Seu coração de alguma forma.

O que farei nesta tão preciosa data para  alegrar meu Salvador? Como comemorarei de uma maneira que consiga extrair um sorriso de satisfação do seu glorioso rosto? Que presente lhe agrada? Qual será a maneira de comemorar que Ele espera que eu  faça?

Recorro ao evangelho, pois sei que encontro nos quatro primeiros livros do novo testamento as respostas que tanto procuro. Vejo que o que alegrou o coração de Cristo foi confirmar que o nome daqueles que lhe seguiam estava escrito no livro da vida,   foi Celebrar quando voltou para o aprisco com a ovelha que havia se perdido,  Chamar  seus vizinhos para informar que achou a dracma perdida, correr para se encontrar com seu filho pródigo que estava perdido mas se arrependeu e voltou e orar agradecido  ao Pai por ter aqueles homens como seus discípulos...

Então concluo que Jesus se alegra com vidas sendo salvas,  com almas se entregando ao seu senhorio, e quem puder ser um instrumento de salvação neste natal, com certeza vai alegrar o coração do aniversariante e vai fazê-lo sorrir.

Que presentes fazem o Meu Senhor se emocionar senão a minha consagração, obediência e serviço durante todos os outros dia do ano?  E como servir a um Deus que não tem necessidade de nada, pois é perfeito e tem todo poder? Mas  Ele me  fala que posso servi-lo servindo a um dos muitos  pequeninos que estão necessitados. 

Que tipo de banquete posso preparar  para Cristo e ter certeza da sua aprovação? E novamente Ele me sugere que eu organize um grande banquete, que faça o melhor que posso, que prepare a melhor comida, a melhor decoração, os melhores presentes e saia pelas ruas, viadutos, favelas e becos, convidando os sujos, descamisados, desprovidos de um teto, de  carinho, de  oportunidade. Sugere  que eu coloque um avental de servo, e sirva com amor e alegria a um povo que se sente tão esquecido e tão mal amado inclusive por aqueles que guardam em seus corações a confissão cristã. Chego então à minha não tão agradável conclusão: olho pra mim, para o que fiz e o que deixei de fazer em 2008, para os  banquetes que  participei, para os pequeninos que encontrei neste ano e acho justa a razão para minha tristeza.  E como sempre, ao romper de mais um ano faço votos ao meu coração de viver cada dia me preparando para o próximo Natal, que espero alegrar realmente o coração do aniversariante e consequentemente o meu também.

Um verdadeiro feliz Natal a todos    

Com amor e graça,

Dailson.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quem casa quer CASA


Quatro princípios para casais que querem experimentar o "...e foram felizes para sempre!"

 

Todos nós já ouvimos falar de lindas histórias de amor,  mas o que faz uma história de amor ser linda e duradoura? Muitos diriam que o segredo está na intensidade da paixão, outros no jeito em que tudo começou,  outros até falam que foi o destino, inclusive existem  alguns que na tentativa de manipular este tal destino, dizem que foi aquela promessa que fizeram, a simpatia que deu certo ou até mesmo a mandinga que pegou...

Eu creio que uma linda história de amor se mede no jeito como tudo se finaliza, ou seja, não pelo começo ou pelos meios usados, mas para o final que está caminhando o relacionamento. Não há lindas histórias de amor quando o final delas é marcado pelo desamor, pelo desrespeito e pela separação.

O que um casal que vai iniciar a vida a dois  pode fazer para que a sua própria história de amor seja eterna? Claro que não pretendo apenas neste texto desvendar todos estes segredos, até porque a vida a dois não é tão simples, e não há uma “lista infalível de procedimentos que farão o casamento dar certo.”

O objetivo deste texto que em algumas ocasiões usei como o sermão de  casamentos que celebrei, é  mostrar a possibilidade de se construir uma linda história de amor  nos dias atuais, desde que vivenciados alguns princípios cristãos básicos no relacionamento.

Quero falar de quatro atitudes que se tomadas por ambos, fortalecerão profundamente o relacionamento que se inicia, e até podem restaurar os relacionamentos que estão desmoronando.

Para facilitar o entendimento, faço um acróstico de uma frase popular e muito usada pelos noivos: QUEM CASA QUER CASA.

A princípio, a utilização deste provérbio relaciona-se a um dos sonhos de todo casal: a compra da casa própria, mas quero utilizá-lo com outro fim, ou seja, quero que  você lembre do que está sendo escrito  ao pensar nesta frase.

Quem casa, [para ser feliz] precisa de C. A. S. A.:

COMPROMISSO

AMOR

SATISFAÇÃO

ADAPTAÇÃO

Penso na formação de um casamento feliz comparando-o   a construção de uma casa, onde estas quatro atitudes são os pilares que sustentarão toda a estrutura.

Mas lembro que  uma coluna ( ou pilar)  é constituída  de uma estrutura de ferro e  que é recheada e revestida de concreto, ou seja, para estar funcionando perfeitamente, a coluna conta com o ferro e o concreto. Se construir uma coluna  só com ferro, ou só de concreto a mesma perde totalmente sua função de sustentação e apoio. Da mesma maneira se estes princípios forem aplicados apenas por um dos cônjuges, não terá sustentação nenhuma, e perderá sua principal função, pois é necessário a participação dos dois na construção desta linda história de amor.

 

O COMPROMISSO

O compromisso tem a ver com aliança, com um pacto, com os votos feitos no altar, com a palavra de honra de cada um para com o outro e diante de Deus!

Certamente  este é um dos mais importantes pilares de sustentação de um casamento, e que inclusive, vem antes do amor. Alguns podem perguntar se pode ser mais importante que o amor? E a resposta é que de certa forma pode ser sim!

Você já viu casamentos acabarem mesmo quando as duas pessoas se amam? Lembra de alguém que ama seu cônjuge, mas não consegue viver com ele? Isto mostra de forma muito prática e clara que só o amor não sustenta o casamento.

Agora, já viu por acaso algum casal que assumiu realmente o compromisso de viver um para o outro, e estão separados? Não! Quando separam foi porque quebraram o compromisso.

Viver a dois, é um dos maiores e mais difíceis desafios para qualquer ser humano. De certa forma é quase impossível se viver bem a dois, mesmo com amor, quando  cada um não se compromete em continuar tentando acertar o relacionamento. O compromisso assumido diante de Deus vai ser na realidade o pilar mais significativo na preservação do casamento.

Muitos acham que as promessas de compromisso feitas pelos noivos no altar e  diante de Deus são apenas partes formais de uma cerimônia ritualística. Grande engano. A cerimônia religiosa é exatamente uma celebração pública de um pacto ou de uma aliança entre um homem e uma mulher que afirmam diante de todos um compromisso entre si, e para isto cada um deixa empenhada sua honra.

Quem descumpre estes compromissos no seu casamento, está na realidade se mostrando uma pessoa descomprometida, mentirosa, sem honra, que não mantém a sua palavra, desculpe-me a dureza, mas não vejo outras palavras para tal.

Há fases no casamento que o amor está em baixa, que a crise está em alta, que as diferenças estão gerando muito atrito, que pessoas mais interessantes começam a aparecer em nossas vidas, e aí, o que fazer? O  nível de compromisso vai dar a resposta:

A esposa:

- Como é difícil conviver com ele, como é diferente a criação dele da minha!, Mas eu assumi um compromisso e vou  continuar investindo neste relacionamento,  não vou desistir!

O marido:

- Como ela engordou, aquele corpinho de “violão” agora é de um “violoncelo”, e quantas mulheres “violão” estão afim de mim! Mas eu assumi um compromisso de amá-la até o fim, e vou honrar isto! Eu permanecerei fiel a ela!

Se não há o pilar do compromisso, então toda a estrutura da casa está comprometida,mas ele faz você continuar acreditando, continuar investindo, tentar sempre mudar o que for necessário para que o relacionamento venha a dar certo.

A falta de compromisso faz com que pequenas barreiras, comentários e  mudanças sejam, em potencial, um motivo para pensar em separar.

Maridos! Honrem seus compromissos com suas mulheres, assim como Jesus se comprometeu totalmente com a sua igreja. Confesso que tem que ser muito homem, muito macho, para assumir até o fim este compromisso.

Mulheres! Cumpram seus votos feitos no altar para com seus maridos, seja uma mulher que honra suas promessas, que vela pela sua palavra. A mulher tem que ter um caráter muito firme para se submeter ao compromisso de estar ao lado do seu marido até o fim.

Quem firma seu casamento neste pilar não casa para ver se vai dar certo, casa para fazer dar certo. Mas, só compromisso também não sustenta a casa, é necessário outras atitudes.

 

O AMOR...

É interessante notar que não descrevo amor como sentimento, mas como atitude.

É lógico pensar que o amor também tem a ver com o sentimento de afinidade no coração dos envolvidos, a atração que deve ser mútua e tornar agradável o convívio, mas também tem a ver com atitudes  prática que refletem este amor.

O amor é o tempero do relacionamento, é o que o torna gostoso apesar de todas as coisas. É o que faz valer a  pena os esforços, que torna o desafio mais desejável, é o que faz com que o sacrifício seja aceito com alegria, afinal é para quem amamos, é para quem nos ama.

O grande problema das histórias de amor é que pouco se sabe sobre o que é o verdadeiro amor. Nunca se falou tanto de amor como nos dias atuais, e paradoxalmente nunca se teve uma qualidade do amor tão ruim como nos dias de hoje. Confunde-se amor com amizade, com sexo, com paixão, com desejo carnal, com satisfação em possuir algo. Quero poder mostrar dois tipos de amor  que mais interessam para a vida a dois.

 

O amor Eros

É este que aparece na atração física e emocional entre duas pessoas, que envolve o magnetismo, a afinidade, a química, o desejo...

É o amor  totalmente humano, contaminado pelos defeitos e problemas coração dos homens. Trata-se de um amor egoísta, possessivo, ciumento, inconstante, irracional, muitas vezes infiel, que nem sempre apresenta tudo isto de uma vez, mas tem fortes tendências a ser assim.

Quantos casais apaixonados  trocam  juras eternas de amor, e dois anos depois estão quase odiando um ao outro? Se for este amor que predomina, o casamento estará com seus dias contados, pois é um amor que gera muitas brigas, ciúmes,  e tudo isto complica bastante o relacionamento de um casal.

Este é o amor mais gostoso de sentir, é o que causa arrepio, um friozinho na barriga, que faz chorar de saudade, faz brilhar os olhos! Mas é também o mesmo amor que faz chorar de raiva, de tristeza, de mágoa, é o que também arrepia de ódio, de vontade de matar o outro quando é ofendido.

 

O amor ágape,

Sendo este o amor que a bíblia relata, é o de melhor qualidade, pois tem características de Deus. É o amor citado em 1ª Coríntios 13, que tudo suporta, que tudo espera, que tudo crê, que não arde em ciúmes, que não se alegra com a injustiça, que dura para sempre, que não depende de retorno, que não é inconstante, etc. É exatamente o amor que Deus sente e vive por cada um de nós, e que pede que façamos o mesmo uns pelos outros (João 13:34).

Mas, onde encontrar este amor? Segundo a bíblia, ele é gratuitamente derramado no coração do homem pelo Espírito Santo (Rm 5:5), quando o homem se rende a Cristo como Senhor de sua vida.

Este amor  ágape pode e deve  ser dosado junto com o amor Eros na vida a dois. É semelhante a algumas fórmulas para emagrecimento que têm alguns componentes para diminuir o apetite, e um boa quantidade de outros componentes que servem para anular os efeitos colaterais destes.

·        O amor Eros é gostoso, o amor ágape é seguro.

·        Um apimenta o relacionamento, o outro evita o apodrecimento.

·        Um faz desejável o sacrifício, mas é o outro que suporta até o fim este sacrifício.

·        Um faz viver uma apaixonante história de amor, o outro garante que sejam felizes para sempre.

·        Um torna o cônjuge um excelente amante, o outro, um excelente parceiro.

·        Um torna inesquecíveis os dias bons, o outro torna suportáveis os dias maus.

·        Um torna mais gostoso o abraço  da reconciliação após uma briga, mas é o outro que promove a reconciliação.

·        Um pode fazer não esquecer nunca mais de alguém, mas o outro faz nunca deixar de viver com este alguém.

·        Um pode juntar dois jovens apaixonados, mas só o outro é que conseguirá manter os dois lado a lado até a velhice.

·        O amor Eros pode fazer alguém amar muitos parceiros durante sua vida, mas  só o amor ágape faz alguém amar uma pessoa só em toda sua vida.

 

Dá para perceber a importância de cultivar os dois tipos de amor no coração, o Eros brota do coração humano com muita facilidade, o Ágape brota do coração de Deus para o nosso quando o buscamos nele.

O casal tem que estar constantemente aos pés de Cristo, solicitando que ele faça com que este amor ágape esteja cada vez em doses mais altas no relacionamento, para que neste equilíbrio a história de amor seja feliz e eterna.

 

A SATISFAÇÃO...

A satisfação tem a ver com a alegria de desfrutar a vida ao lado de quem ama, de tornar o relacionamento algo gostoso para ambos, e isto envolve criatividade, o romantismo e o querer o melhor para o outro.

Muita gente age no amor como se fosse uma relação pulga/cachorro. Onde a  pulga  procura um hospedeiro para sugar deste o suprimento de suas necessidades.

É gente que diz:

Quero encontrar alguém na vida para que seja amada, que seja desejada, para que seja saciada nos seus desejos, para que seja respeitada, para que receba dela muito carinho, muita atenção...

Só se esquece de oferecer estas mesmas coisas à sua vítima, ou seja, seu amante, e entram no relacionamento só esperando receber tudo isto, sugando tudo, sem dar nada em troca. Mas, quando o cachorro, (ou seja, o cônjuge) não tem mais sangue para oferecer, esta pulga( ou seja, pessoa) sai em busca de outro cachorro (ou seja, parceiro), alegando que este último não superou suas expectativas, que se enganou acerca dele, e que vai buscar um outro alguém que possa lhe entender e lhe completar e satisfazer suas necessidades.

Isto acontece tanto nos relacionamentos, e é uma das mais comuns formas de demonstrar um egoísmo brutal que hoje é tão comum nas pessoas. Muitos esquecem que a expectativa de um bom relacionamento não está baseada principalmente no que vou receber do meu conjuge, mas no que vou oferecer para ele.

· Quer ter uma vida conjugal feliz? Promova a felicidade do seu cônjuge!

· Quer ser amada(o)? Ame mais!

· Quer ser respeitado(a) e honrado(a)? Respeite e honre mais do que faz hoje!

· Quer que seu relacionamento não caia na rotina? Seja criativo e tome iniciativa!

· Que mais compreensão da parte dele(a)? Seja você mais compreensiva!

· Quer saber qual o problema no teu casamento? Comece a olhar primeiro para seus erros!

· Quer que teu cônjuge guarde menos rancor, remova primeiro as  suas mágoas,  fazendo a faxina no seu coração!

A satisfação que irá dar sustentação no relacionamento consiste no objetivo de cada cônjuge em tornar o outro satisfeito com suas atitudes. Se não nos preocupamos com estes detalhes, teremos que muitas vezes cantar ressentidos a saudade de quem perdemos, como representa muito claro a música “Amor Grande Hotel” do Kid Abelha:

Se agente não tivesse feito tanta coisa

Se não tivesse dito tanta coisa

Se não tivesse inventado tanto

Podia ter vivido um amor Grande Hotel.

Se agente não dissesse tudo tão depressa

Se não fizesse tudo tão depressa

Se não tivesse exagerado a dose

Podia ter vivido um grande amor.

Um dia o caminhão atropelou a paixão

Sem os teus carinhos e tua atenção

O nosso amor se transformou em “bom dia...”

Qual o segredo da felicidade?

Será preciso ficar só pra se viver?

Qual o sentido da realidade?

Será preciso ficar só pra se viver

Só pra se viver?

Quantos maridos que no começo do relacionamento ficavam olhando para o relógio da empresa contando as horas até finalizar o expediente, pois o desejo de chegar logo em casa e poder estar nos braços da sua amada era satisfatório. E hoje ao final do expediente eles também olham para o relógio, mas o sentimento mudou, agora ficam preocupados porque não tem mais o que fazer para passar o tempo, pois ir para casa é uma barra, ouvir aquelas queixas da mulher é quase insuportável.

Quantas mulheres sentiam satisfação em estar do lado seu marido, em ir caminhar com ele no parque,  só pelo prazer de estar juntinhos, mas que agora a indiferença e frieza tem sido o único companheiro das caminhadas...

É gente que agora tem a maior insatisfação em estar no ambiente da sua própria casa, pois o clima é o pior possível. E mal sabem que foram eles mesmos que construiram este ambiente, pois achavam que transformar ou manter o relacionamento agradável e satisfatório era papel do outro.

Como  escreveu Luiz Fernando Veríssimo:

“A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que elavenhaparaficar e não esteja apenas de passagem, como acontece com muitas pessoas que cruzam nosso caminho."

A felicidade que brota de uma satisfação construída no relacionamento, e esta construção é responsabilidade dos dois, e isto não dá o direito de um ficar esperando e exigindo do outro a sua parte.

 

A ADAPTAÇÃO...

Adaptação tem a ver com a junção de duas pessoas totalmente diferentes em seus gênios, hábitos, educação, cultura e ideais, e fazer convergir toda esta diferença em um projeto de vida único, que possa respeitar a individualidade, bem como as diferenças acima citadas, bem como as que  biologicamente existem entre o homem e a mulher.

O ser humano é extremamente complexo, surpreendente e imprevisível, por mais que vivamos junto de alguém nunca teremos toda a certeza de que sabemos realmente o que ela vai fazer ou como ela vai reagir a tudo que lhe acontece. A complexidade é tal, que até nós mesmos nos surpreendemos com algumas de nossas atitudes, de nossas ações e reações. Quem já não disse:

-“Nem eu sabia que iria reagir deste jeito, estou surpresa(o) comigo mesmo!”

Agora imaginemos duas pessoas que sequer  conhecem totalmente a si mesmo, e que agora compartilham juntas o restante de suas vidas?

Não é de se esperar que fosse fácil, pois são pessoas de temperamentos diferentes, de educações diferentes, que reagem diferentemente frente a mesmos problemas, e que agora pela vida a dois, se tornam uma só carne.

Conseguimos entender o impacto destas diferenças quando observamos  uma corrida de saco de casais, onde os dois têm que pular juntos até o fim da pista, e se não se acertarem com relação ao ritmo, ao compasso, se não se adaptarem um ao outro, dificilmente irão conseguir ficar de pé até o final. O homem com uma estrutura física maior, vai querer pular mais alto e distante, mas a mulher não vai acompanhar este ritmo e vai cair, fazendo cair também o homem.

O casamento é um jogo em que ou os dois ganham ou os dois perdem. Quantos custam a entender isto! Não sabem que se seu cônjuge errar e perder você também perde.Isto faz com que o erro e a queda do nosso cônjuge não seja o motivo da nossa alegria, ou da nossa crítica, e sim da nossa ajuda, pois querendo ou não caímos também junto com eles, pois estamos num só saco, numa só carne.

O interesse do marido é em manter sua mulher em pé, e para isto ele tem que se adaptar a ela, e não ficar forçando-lhe um ritmo que não vai agüentar, e vice versa.

Trabalhei alguns anos de minha vida  no setor de autopeças e existiam algumas peças que chamávamos de adaptadores, uma delas era o adaptador de 5 para 4 furos da roda do fusca antigo, e só este  conseguia unir uma roda de quatro furos em um eixo do fusca com o cubo de cinco parafusos, duas peças que não se encaixariam nunca, mas com um adaptador vivem harmonicamente. Através do uso destes adaptadores, alguns clientes meus conseguiam sair da loja pilotando um fusca 69 com rodas super modernas...

Quais seriam os adaptadores de um relacionamento a dois? O que permitiriam duas pessoas tão diferentes permanecerem juntas? Vamos considerar neste caso, os 5 parafusos de roda do fusca antigo, ou seja os 5 adaptadores de relacionamento:

 1.   A presença do Espírito Santo de Deus na vida dos dois, e isto, só acontece quando ambos conscientemente recebem Jesus como salvador pessoal e Senhor de suas vidas e de seus relacionamentos. Este é o adaptador por excelência pois promove paz, perdão e desejo de reconciliação no coração do casal.

 2.   A Possibilidade de aceitar e reconhecer as diferenças que existem naturalmente no homem e na mulher, para isto  recomendo alguns livros que poderão  ajudar muito: “Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”, “Porque os homens mentem e as mulheres choram”, de Alan e Bárbara Pease entre outros. Biologicamente homem e mulher não apresentam apenas diferenças externas e funcionais, mas são diferentes na questão emocional e psicológica. O homem ou a mulher não podem cobrar que seu conjuge reaja a determinadas situações exatamente como ele(a) reagiria, pois são naturalmente diferentes, não conhecendo e não respeitando isto começam as comparações e cobranças, que terminam em brigas fúteis que vão minando a satisfação do casamento.

 3.   A paciência, com a qual estarão sempre dando uma nova chance um ao outro, e que é essencial para o inicio da adaptação de um casal.  A paciência além de ser um fruto do Espírito, é uma atitude a ser exercitada.

 4.   O perdão,é a atitude mágica para se pagar o que não tem preço, para restaurar o que humanamente não tem condições de se restaurar e para facilitar a vida de pessoas imperfeitas que constantemente erram e causam danos um ao outro. O perdão deve ser a moeda de maior circulação entre duas pessoas diferentes e imperfeitas que buscam unidade na vida.

5.    A Perseverança, que é a arte de nunca desistir, de insistir até que dê certo. A perseverança é o segredo dos gênios, é a arma dos vencedores e o meio pelo qual vidas diferentes e complexas possam estar juntas para sempre.

 

Finalmente, quero encerrar deixando bem claro que isto não é tudo para que um casamento dê certo, mas é um excelente começo,  pois mais coisas serão necessárias, e apartir delas as outras se tornam administráveis.

Dá para entender que, ter um casamento que dure não depende de sorte, nem exclusivamente da bondade de Deus, mas de uma consciência de que um casamento eterno se constrói com a ajuda dos dois e com a presença de Deus que faz com que os esforços de cada um consigam alcançar seus objetivos.

 Com amor e graça

 Dailson