quarta-feira, 18 de março de 2009

Um novo salmo...


Parece bastante ousado o que estou escrevendo hoje, mas me sinto a vontade em acreditar que os salmos não se encerraram naqueles 150 escritos no velho testamento. 

Creio que cada um dos filhos de Deus tem seus próprios salmos, que na realidade são expressões escritas das experiencias vividas neste caminhar com o Pai Eterno,e apartir de hoje quero tentar compartilhar os meus, que espero de alguma forma acrescentar algo bom no coração de quem lê.

Claro que estes salmos que vou escrever não serão canonizados, mas com certeza, cada um deles será um reflexo do que passei ou estou passando e de como Deus tem tratado comigo nestes momentos.


Salmo 1 (que ousadia... 

Há momentos em que o tempo,

que separa a resposta de Deus das nossas necessidades e sonhos,

começa a soprar sem pena a chama  da nossa esperança,

escurecendo o caminho com um manto de incertezas

e ocultando aos nossos olhos os abismos que nos levam à queda.

É quando a alma inquieta se aflige desconsolada,

sentindo a fragilidade das suas convicções mais profundas,

E questionando suas promessas mais almejadas.

Nestas horas, o Senhor nos convida a fechar os olhos,

E caminhar pela fé e  não pelas circunstâncias.

Faz-nos saber que a Sua mão está segurando a nossa,

O que se torna a maior garantia de que Nele não vacilaremos,

e que a sua companhia é mais certa do que todo o mal que nos cerca.

Então ouvimos Sua doce voz direta ao nosso coração,

Ou através dos seus profetas, que com amor  nos alertam dos perigos

E  nos confortam a alma com o bálsamo da sua graça, 

pois  apenas ela nos basta.

Conseguimos então abrir nossos  lábios e com paz inexplicável cantar:

Glórias ao nosso Senhor,

que nos cerca com seu amor,

E tem reservado o seu melhor para nós!

 

Com amor e graça,

Dailson

segunda-feira, 16 de março de 2009

uma pequena veia poética...


COMPATIBILIDADE

Uma pergunta ecoa dentro de mim:

É possível ser poeta, sem deixar de ser cristão?

E expressar em verso, rima  e prosa

As nuances artísticas de seu próprio coração?

 

Conseguirá manter o difícil equilíbrio,

E caminhar na tênue linha de conflito,

Entre o que anseia e produz  a sua alma,

E a voz divina que fala ao seu espírito?

 

Será a sensibilidade do poeta

Um dom sublime e inspirador?

E por ser dom, e ser sublime,

Não é um presente do seu Criador?

 

Não será Deus o grande poeta do universo,

E do mais belo romance, o autor?

Escrevendo em nossas vidas o seu conto,

E em nosso coração a mais bela  poesia de  amor?

 

Os céus, os mares, a terra e a natureza,

E até a impressionante beleza de uma  simples flor

Obras primas do arquiteto do universo

São as mais fortes inspirações do compositor!

 

São aos poetas inspiração eternas e inesgotáveis:

O amor,  alegria,  saudade e até o sofrimento

Criações exclusivas do coração de  Deus,

Que colocou em nós estes  preciosos sentimentos.

 

Como embriaga a alma dos poetas,

O mistério envolvente da beleza feminina

Esta,  feita pelas mãos do escultor da vida,

Que fez do ser humano a sua obra prima.

  

Pode a verdadeira fé em algum sentido,

Censurar o nascimento  de uma inspiração?

Quando o autor desta fé vivida,

Mostra à vida, a beleza de sua criação!

 

A minha inspiração não está em mim,

Mas, naquele que reconstruiu a minha história,

Não sou digno  de louvores, e sou feliz

Afinal, eu fui criado para o louvor da sua glória...

terça-feira, 10 de março de 2009

Mulher Maravilha


O último domingo foi marcado por muitas homenagens às mulheres em seu dia internacional,e apesar de pessoalmente não concordar com esta enxurrada de homenagens em um único dia do ano,  me serviu para prestar mais atenção na figura da mulher, principalmente no contexto em que vivemos.

Esta homenagem  não está sendo feita fora de época, pois não acho que só um dia é suficiente para reconhecer um ser tão especial e tão influente neste mundo. Não estou me sentindo obrigado a falar  por conta do dia 8 de março, mas esta data me despertou a ver com mais sensibilidade estas tão doces companhias do meu dia a dia.

Por não estar trabalhando na parte da manhã, resolvi hoje lavar meu carro em um movimentado lava jato de rua, numa pequena praça do bairro do Rosarinho.  E, como de costume, enquanto lavam o meu veículo a céu aberto, fico em um dos bancos da praça lendo algum livro ou fazendo alguma tarefa inacabada do meu dia. Mas hoje foi diferente, pois ao invés de um garoto se oferecer para  a lavagem, apareceu uma jovem mulher de menos de 24 anos de idade  se prontificando para o serviço. Confesso que achei estranho, pois  sempre vi pessoas do sexo masculino nesta função, e comecei a observar o trabalho dela em comparação ao dos outros na mesma praça.

As surpresas se acumularam em minha mente ao ver como aquela figura feminina dava um toque de beleza e delicadeza a um serviço aparentemente tão rude. Ela estava com uma roupa [provocantemente?] curta, que ressaltava a beleza e jovialidade de um corpo atraente aos padrões atuais de beleza, embora os traços de falta de cuidado com a pele e o cabelo estivessem na composição.  Sempre com um sorriso no rosto e uma disposição invejável para mim que acabara de almoçar, ela começou o seu serviço e me impressionou a graça com que realizava tudo, em comparação com os outros rapazes, que agiam de forma tão comum. O cuidado com o uso da água me chamou a atenção, e ao final ele deve ter gastado quase a metada do que seus colegas de trabalho. Ao aspirar o carro fez de uma forma que me impressionou pela atenção nos detalhes, e aspirou partes do interior do veículo que nunca foram lembrados pelos outros. 

Para minha maior surpresa, ela foi interrompida com a voz  meiga de uma criança de  aproximadamente 4 anos de idade, que brincava na praça  nas proximidades do carro e que a chamou de mãe, lhe mostrando um desenho rabiscado e lhe pedindo a avaliação.Não esqueço aquela cena de uma jovem mulher, que por segundo cessa sua árdua tarefa para colocar um sorriso no rosto e desviar sua total atenção à filha lhe tecendo um rápido, mas expressivo elogio àquela obra. A criança volta feliz ao seu atelier natural, sentando no terreno arenoso do chão da praça e brincando alegremente com a areia fina que era agora a sua matéria prima da próxima obra de arte.

Comecei a não apenas observar, mas a meditar sobre o dia inteiro daquela mulher.  Ouvi em comentários  dela com outra amiga e com a cliente de outro carro que estava sendo lavado, que ela revelou que não tinha com quem deixar sua filha, então ela mesma levava à escola, e ao trazer de volta a menina, ficava na  sua companhia até o fim do expediente. Não sei descrever se esta informação me causou mais tristeza ou admiração.

Aos poucos fui percebendo as demais barreiras em seu ambiente de trabalho, que eram com muita classe sendo superadas uma a uma por um ser que tem o estigma de ser chamado de sexo frágil. Reclamava do colega de trabalho que pegava sem seu consentimento um de seus baldes, o que lhe atrapalhava o serviço. Administrava as cantadas diretas, indiretas, indiscretas e até indecentes de alguns dos homens que estavam na praça esperando seus serviços, e sem esquecer que a filha já lhe apresentava a esta altura sua quarta ou quinta obra de arte, as quais todas lhe garantia atenção e um sorriso mágico, mesmo que durasse apenas alguns segundos.

Passei a pensar na rotina daquela mulher fora daquele ambiente, se a mesma vive com alguém  ou é mãe solteira, sendo responsável pela preparação da comida para todos de casa, por lavar a roupa suja de cada dia, por arrumar o local onde mora, por ainda fazer as infindáveis tarefas de casa da sua princesinha.

Mas, ela continuava com maestria e beleza seu trabalho, agora polindo o carro, conversando com a amiga, olhando com proteção para a sua filha, rindo e se esquivando das cantadas sem graça, além dos milhares de pensamentos que certamente borbulhavam em sua mente enquanto tudo isto acontecia.

Hoje eu vi uma verdadeira guerreira digna de ser homenageada, uma mulher que posso chamar de virtuosa, mesmo que não possua  todas as qualidades descritas em Provérbios 31, mas que dentro de sua triste realidade social e econômica mostrou uma postura digna de reconhecimento. Não estou com isto renegando as homenagens às outras mulheres, as quais com certeza, merecidamente receberam em seu dia, porém me senti tocado por Deus para reconhecer estas que a sociedade não reconhece, que vivem marginalizadas pelos meios de comunicação e mídia, mas que nem por isto têm menos valor ou virtudes.

Quero homenagear a estas  mulheres, guerreiras, batalhadoras, vivas, mães, donas de casa e que muitas vezes enfrentam o papel de ser pai e mãe e que ainda faz isto com muita disposição, beleza e delicadeza que só existem no universo feminino. Parabéns a toda esta criação de Deus, que se supera a cada momento, e colore de beleza e graça um mundo  acinzentado com a maldade humana.


E como parte da minha homenagem, uma canção muito apropriada...

Mulher

(Erasmo Carlos e Narinha)

Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas...

Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço.
Satisfaz meu ego se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça...

Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha,
Mas prá quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho Quer seu peito.
O outro já reclama a sua mão,
E o outro quer o amor que ela tiver.
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher...

Mulher! Mulher!
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração prá decantar você nessa canção.

Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10, sou forte mas não chego aos seus pés.


Com amor e graça,

Dailson