domingo, 23 de novembro de 2008

É possível ser feliz?


A felicidade está mais próxima  do que imaginamos

  Com toda certeza, a felicidade é um dos temas mais discutidos e buscados pela raça humana. Quem nunca se questionou se está feliz?  Quem nunca fez planos na vida para ser mais feliz? Será a felicidade um prêmio que só alguns podem usufruir? Podemos ser felizes ou apenas aproveitar alguns momentos de felicidade? Felicidade é um estado de espírito ou um aproveitar de condições favoráveis e desejadas em nossas vidas?

Filósofos já esgotaram este tema que parece ser tão complexo e ao mesmo tempo tão simples, afinal o que significa  ser  feliz?  Quantos de nós já falamos em conversas saudosistas que houve um tempo em que “éramos felizes e não sabíamos”?

Quero poder expor o que penso sobre  a felicidade  sem querer parecer que estou certo ou errado em relação a outros pensamentos diferentes, mas apresentando uma opção simplificada que pode mostrar uma felicidade mais coerente com o mundo em que vivemos e  que pode estar ao alcance de qualquer um, independente do credo, da cor, da casa, do carro ou da carteira.

Acho sensato pensar que podemos encontrar uma explicação para a felicidade com quem é realmente feliz praticamente em todo o tempo: uma criança. Com ela aprendemos que a felicidade não depende exclusivamente das circunstancias que nos cercam. Já observei meninos  em favelas, com os pés descalços, com um brinquedo imaginário em mãos , sujos, maltrapilhos e  muitas vezes solitários com um sincero e invejoso sorriso feliz em seus rostos enquanto brincavam em meio a um ambiente  inóspito. Me admira ver estas pequenas criaturas estamparem em seus olhos o brilho que é escasso em muitos adultos ricos que encontramos  em seus carros blindados e com todo o conforto que o dinheiro pode comprar.

A minha primeira tentativa de descobrir o  segredo desta felicidade tão simples  está em tentar responder a uma pequena pergunta: na minha vida eu  quero ser feliz ou quero ter razão? A resposta parece ser bem lógica e fácil, principalmente para quem vive ou está infeliz, mas não é. Se somos questionados desta forma, respondemos de pronto que queremos ser felizes, só que agimos de acordo com a segunda alternativa, mas a criança responde e vive a primeira opção.

Já observou quando um grupo de meninos está brincando por um bom tempo, sempre vai haver um conflito, uma briga, uma confusão, um empurrão, um choro.  Eles se desentendem com muita facilidade (aliás, aprenderam isto conosco, adultos), reclamam, ficam irados, magoados, mas em questão de minutos estão de volta à brincadeira, como se nada tivesse acontecido. Aqui está o segredo.

A vida não está sobre nosso controle, ela não é exatamente  como queremos que seja, o que acontece conosco nem sempre é justo e nem sempre segue uma lógica que projetamos. Há imprevistos injustos que nos atingem, há pessoas que estimamos e não nos correspondem, há amigos que nos traem, há doenças que nos fazem experimentar dores profundas, há balas perdidas que podem nos atingir, há uma violência urbana que pode nos tomar de assalto e muito mais. Não estamos imunes  a estas coisa independente de nossa crença ou de nossa fé.

A resposta a tudo isto também é inevitável: a dor, o ressentimento, a ira e a indignação.  Estaremos emocionalmente doentes ou demonstrando desumanidade quando somos vítimas de uma injustiça e não nos indignamos com ira ou tristeza. Estes sentimentos são normais e saudáveis  como resposta às situações indesejadas da vida.  

A criança sofre e sente tudo isto, mas ela é dirigida por um objetivo maior: o de ser feliz. Quando briga com um amiguinho que injustamente lhe rouba ou lhe bate, ela se irrita, se ira, responde muitas vezes agressivamente, chora e demonstra insatisfação, pois curte a resposta emocional de forma intensa. Mas, em seguida ela releva o caso, não busca ser a vítima do fato, não vai até o fim para provar que está certa e  que seu amiguinho está errado,  pois tem um motivo maior que o de provar que está certa: ela prefere continuar sendo feliz.  E para isto, ela  perdoa, esquece, anula sua razão e  não se fecha até ser procurada, mas volta a brincar. Por isto é que ela é feliz em todo o tempo. Quem dera que nós adultos pudéssemos aprender a sermos felizes  com as crianças...

Quantos casais perderam aquela festa, porque um ouviu um comentário que não gostou do outro e ficou “emburrado” a noite toda? Como seria diferente  aquele dia se o ofendido quisesse mais  ser feliz do que ter razão...

Quantas amizades estariam ainda hoje existindo alegremente se quem foi injustiçado quisesse realmente mais ser feliz do que ter razão e do que ver a justiça sendo feita...

Quantas famílias não seriam realmente felizes, se  ao invés de cultivar as mágoas e ressentimentos dos erros do passado, ignorassem a tudo que sofreram por considerar que  viver a felicidade de uma vida familiar é melhor do que ter razão. Como não seria tão satisfatório voltar para casa e passar momentos juntos!

Mas, parece que o peso de ser feliz é menor do que o peso de ter razão, ou seja, se for para perder a razão ou deixar de fazer justiça à minha causa, é preferível que eu viva uma vida infeliz!  Esta é a nova lógica do mundo adulto, que sinceramente tem mais de  insano do que  de lógica.

Espero que esta pergunta esteja continuamente pairando na mente de quem está lendo este texto, nas situações em que cada um estiver enfrentando momentos que comumente nos tiram a possibilidade de sermos felizes.

Pois a felicidade está mais próxima do que imaginamos, e tão acessível que não precisa muito para tê-la em mãos. Mas, como tudo na vida: é uma questão de decisão!

Decida ser feliz...

   Com amor e graça,

   Dailson 

sábado, 1 de novembro de 2008

Os perigos reais de um mundo virtual


Um novo e ameaçador inimigo do relacionamento humano.

Um alerta à uma geração real que está se perdendo no mundo virtual...

Não sou contra a internet ou o avanço da tecnologia de informações, e todos que me conhecem pessoalmente sabem que sou muito vidrado em tudo isto.  Não consigo trabalhar hoje sem ter um notebook em mãos e sem estar conectado à internet, inclusive, até para pregar tenho usado muito a tecnologia, a ponto de ser chamado por alguns amigos de “um pastor High-Tech.” Mas, não é por gostar tanto, que me rendo sem reservas a este novo e atrativo mundo tecnológico. 

Assim como a maioria das invenções humanas, esta vida virtual tem suas bênçãos e maldições,  seu lado positivo e negativo, estando estes resultados ligados diretamente ao usuário.

Creio que Deus criou o homem para viver em comunidade, por isto que a ciência o classifica como um ser social onde   a família é o primeiro local em que ele  experimenta a vida compartilhada. Os relacionamentos humanos são um dos instrumentos de transformação  mais usados por Deus.  Quem não se relaciona com seu próximo perde muitas chances de crescer como pessoa. É fácil perceber isto, basta avaliar a história  dos psicopatas de nossa sociedade que  têm normalmente grandes dificuldades de relacionamentos, e isolados em seu mundo, tramam as mais terríveis e violentas ações contra sua própria espécie. Os  meus limites são construídos exatamente no relacionamento com meu semelhante, os meus sentimentos não podem ser vivenciados senão com o outro. É no relacionamento pessoal que aprendo a andar a segunda milha, que  consigo perdoar e ser perdoado,  que posso abrir mão das minhas vontades, sacrificar meus desejos, aprender a negociar opiniões, compartilhar  caminhos, desenvolver projetos, e  também aprender a dividir, a repartir e a viver com menos. A ética começa no meu relacionamento com meu próximo: vou andando e vivendo como bem entendo até que alguém aparece na minha frente então  tenho que parar, e neste momento tenho que dar uma resposta ética a este encontro:  abraço? Questiono? Abro mão? Contorno? Ajudo? Disfarço e finjo que não vi? Surgem os confrontos que são saudáveis para o nosso desenvolvimento: 

-Reconheça que está errado! 

-Você precisa abrir mão também! 

-Espere mais um pouco! 

-Não vai ser agora como você quer! 

-Você vai ter que abrir mão deste sonho também! 

Nos tornamos seres mais humanos nestes encontros, nestes  questionamentos e  nestes conflitos, pois eles nos dão a chance de repensar, de mudar e de ser gente boa.

Chego agora ao ponto principal deste texto: creio que ninguém cresce de forma sadia em relacionamentos virtuais.

Este é um dos grandes problemas da internet com suas facilidades de aproximação de pessoas. Nos relacionamentos virtuais eu posso controlar minha caminhada, minhas máscaras e minha exposição. Nele também evito encontros e confrontos, falo com quem quero e escuto só o que quero, bloqueio meus opositores, caminho no modo of-line, sem ser visto e sem ter quem  aponte meus erros e meus caminhos obscuros. São relacionamentos que se encerram em apenas uma tecla, num deletar dos meus contatos.

O mundo virtual  e seus e encantos e possibilidades  é um convite freqüente  à mentira e à falsidade, onde muitos se enchem de virtudes mentirosas e trafegam com uma superficial exposição da alma humana. Afirmo com respeito que isto não se aplica a todos. Você conhece alguém que escolhe as suas piores fotos e seus piores momentos para colocar no álbum do Orkut? Em um mundo onde apenas a aparência nos revela ao outro, estimula-se a adoção de personalidades  falsas, inventadas e preparadas cuidadosamente para que sejam aceitas com base nos padrões estéticos fictícios deste mundo e  para que sejam admiradas e adicionadas a outras vidas superficiais . Ninguém cresce como pessoa de uma forma sadia num mundo deste. Não nego os benefícios e os encontros que se transformam em lindas histórias, mas são as exceções desta regra.

Agente só vive uma vida abundante no encontro do dia a dia, em carne e osso, em troca de olhares, em contato físico. Consigo enxergar melhor a verdade  lendo nos olhos  e na expressão facial  de quem falo, e não nas entrelinhas das frases digitadas em um Messenger da vida. É na necessidade do abraço, na convivência com o limite do amigo, do irmão , da esposa, do marido, do filho, do pai e da mãe que somos gente de verdade. É na mesa do jantar, no silencio  dos cônjuges que denuncia e incomoda e  nos olhares  desviados  que temos oportunidades  de parar e reavaliar nossas vidas. No mundo virtual não temos nada disto.

Fico imaginando que mundo é este que tanta gente se fala, troca mensagens, emails,  fotos e imagens de uma forma tão intensa e atrativa, como uma grande sala de encontros,  mas ninguém se toca, nem se olha nos olhos pois cada um está aprisionados na solidão do seu quarto,  do outro lado da conexão, por traz de uma tela de LCD.

Temos mais amigos virtuais ou reais? Gastamos mais tempo em que mundo? Visitamos mais as casas ou as páginas do Orkut dos nossos amigos? A resposta a esta auto avaliação estará descrevendo o nosso nível de crescimento como pessoa. Que Deus nos ajude a procurar e viver o equilíbrio.  


RELACIONAMENTOS VIRTUAIS

Recife, Março de 2006

Coisa muito complexa e interessante,

é poder analisar esta tal  modernidade,

A tecnologia unindo pessoas tão distantes,

Dentro de um mundo virtual de verdade.

 

Vidas unidas por uma moderna conexão,

Por trás de uma tela, da vida, isoladas,

Expondo verdade e mentiras do coração,

Na ânsia de, mesmo distantes, serem amadas.

 

Circulam palavras  bem típicas e abreviadas 

Descrevendo  nem sempre a verdade do mundo real

Unindo pessoas que fisicamente estão separadas,

Gerando no coração um novo sentimento virtual.

 

Que sentimento novo é este então?

Nascido de uma tecnologia fria e  impessoal

Que propõe relacionamento e ao mesmo tempo solidão

Fortalecendo laços que não existem de forma real?

 

Sinto saudades de amizades tocáveis,

De olhar nos olhos e sentir no riso a emoção

De poder expressar  a quem gosto feições amáveis

De estar bem junto do corpo, da alma e do coração.


Com amor e graça,

Dailson.