Um novo e ameaçador inimigo do relacionamento humano.
Um alerta à uma geração real que está se perdendo no mundo virtual...
Não sou contra a internet ou o avanço da tecnologia de informações, e todos que me conhecem pessoalmente sabem que sou muito vidrado em tudo isto. Não consigo trabalhar hoje sem ter um notebook em mãos e sem estar conectado à internet, inclusive, até para pregar tenho usado muito a tecnologia, a ponto de ser chamado por alguns amigos de “um pastor High-Tech.” Mas, não é por gostar tanto, que me rendo sem reservas a este novo e atrativo mundo tecnológico.
Assim como a maioria das invenções humanas, esta vida virtual tem suas bênçãos e maldições, seu lado positivo e negativo, estando estes resultados ligados diretamente ao usuário.
Creio que Deus criou o homem para viver em comunidade, por isto que a ciência o classifica como um ser social onde a família é o primeiro local em que ele experimenta a vida compartilhada. Os relacionamentos humanos são um dos instrumentos de transformação mais usados por Deus. Quem não se relaciona com seu próximo perde muitas chances de crescer como pessoa. É fácil perceber isto, basta avaliar a história dos psicopatas de nossa sociedade que têm normalmente grandes dificuldades de relacionamentos, e isolados em seu mundo, tramam as mais terríveis e violentas ações contra sua própria espécie. Os meus limites são construídos exatamente no relacionamento com meu semelhante, os meus sentimentos não podem ser vivenciados senão com o outro. É no relacionamento pessoal que aprendo a andar a segunda milha, que consigo perdoar e ser perdoado, que posso abrir mão das minhas vontades, sacrificar meus desejos, aprender a negociar opiniões, compartilhar caminhos, desenvolver projetos, e também aprender a dividir, a repartir e a viver com menos. A ética começa no meu relacionamento com meu próximo: vou andando e vivendo como bem entendo até que alguém aparece na minha frente então tenho que parar, e neste momento tenho que dar uma resposta ética a este encontro: abraço? Questiono? Abro mão? Contorno? Ajudo? Disfarço e finjo que não vi? Surgem os confrontos que são saudáveis para o nosso desenvolvimento:
-Reconheça que está errado!
-Você precisa abrir mão também!
-Espere mais um pouco!
-Não vai ser agora como você quer!
-Você vai ter que abrir mão deste sonho também!
Nos tornamos seres mais humanos nestes encontros, nestes questionamentos e nestes conflitos, pois eles nos dão a chance de repensar, de mudar e de ser gente boa.
Chego agora ao ponto principal deste texto: creio que ninguém cresce de forma sadia em relacionamentos virtuais.
Este é um dos grandes problemas da internet com suas facilidades de aproximação de pessoas. Nos relacionamentos virtuais eu posso controlar minha caminhada, minhas máscaras e minha exposição. Nele também evito encontros e confrontos, falo com quem quero e escuto só o que quero, bloqueio meus opositores, caminho no modo of-line, sem ser visto e sem ter quem aponte meus erros e meus caminhos obscuros. São relacionamentos que se encerram em apenas uma tecla, num deletar dos meus contatos.
O mundo virtual e seus e encantos e possibilidades é um convite freqüente à mentira e à falsidade, onde muitos se enchem de virtudes mentirosas e trafegam com uma superficial exposição da alma humana. Afirmo com respeito que isto não se aplica a todos. Você conhece alguém que escolhe as suas piores fotos e seus piores momentos para colocar no álbum do Orkut? Em um mundo onde apenas a aparência nos revela ao outro, estimula-se a adoção de personalidades falsas, inventadas e preparadas cuidadosamente para que sejam aceitas com base nos padrões estéticos fictícios deste mundo e para que sejam admiradas e adicionadas a outras vidas superficiais . Ninguém cresce como pessoa de uma forma sadia num mundo deste. Não nego os benefícios e os encontros que se transformam em lindas histórias, mas são as exceções desta regra.
Agente só vive uma vida abundante no encontro do dia a dia, em carne e osso, em troca de olhares, em contato físico. Consigo enxergar melhor a verdade lendo nos olhos e na expressão facial de quem falo, e não nas entrelinhas das frases digitadas em um Messenger da vida. É na necessidade do abraço, na convivência com o limite do amigo, do irmão , da esposa, do marido, do filho, do pai e da mãe que somos gente de verdade. É na mesa do jantar, no silencio dos cônjuges que denuncia e incomoda e nos olhares desviados que temos oportunidades de parar e reavaliar nossas vidas. No mundo virtual não temos nada disto.
Fico imaginando que mundo é este que tanta gente se fala, troca mensagens, emails, fotos e imagens de uma forma tão intensa e atrativa, como uma grande sala de encontros, mas ninguém se toca, nem se olha nos olhos pois cada um está aprisionados na solidão do seu quarto, do outro lado da conexão, por traz de uma tela de LCD.
Temos mais amigos virtuais ou reais? Gastamos mais tempo em que mundo? Visitamos mais as casas ou as páginas do Orkut dos nossos amigos? A resposta a esta auto avaliação estará descrevendo o nosso nível de crescimento como pessoa. Que Deus nos ajude a procurar e viver o equilíbrio.
RELACIONAMENTOS VIRTUAIS
Recife, Março de 2006
é poder analisar esta tal modernidade,
A tecnologia unindo pessoas tão distantes,
Dentro de um mundo virtual de verdade.
Vidas unidas por uma moderna conexão,
Por trás de uma tela, da vida, isoladas,
Expondo verdade e mentiras do coração,
Na ânsia de, mesmo distantes, serem amadas.
Circulam palavras bem típicas e abreviadas
Descrevendo nem sempre a verdade do mundo real
Unindo pessoas que fisicamente estão separadas,
Gerando no coração um novo sentimento virtual.
Que sentimento novo é este então?
Nascido de uma tecnologia fria e impessoal
Que propõe relacionamento e ao mesmo tempo solidão
Fortalecendo laços que não existem de forma real?
Sinto saudades de amizades tocáveis,
De olhar nos olhos e sentir no riso a emoção
De poder expressar a quem gosto feições amáveis
De estar bem junto do corpo, da alma e do coração.
Com amor e graça,
Dailson.
Olá amigo,
ResponderExcluirgostei do que você escreveu sobre os perigos desta nova maneira de relacionamentos, mas não concordo que tenha este perigo todo, agente precisa é ser cuidadoso.
abraço.
alguém
Quanto mais a cidade desenvolve possibilidades de encontro, mais sós se sentem os indivíduos; mais livres, as relações se tornam emancipadas das velhas sujeições, mais rara é a possibilidade de encontrar uma relação intensa. Em toda a parte encontramos a solidão, o vazio, a dificuldade de sentir..."
ResponderExcluirGilles Lipovetsky (1996)
Este pensamento fez parte de uma discussão (aula) que tive no semestre passado: Tecnologia da Informação e Sociedade.
Realmente os primeiros a observarem esta verdade são os próprios profissionais da área!
Não sei se você já observou que a tecnologia fascina mais o homem que a mulher, talvez tenha tenha mais relação com o fato de o homem ser guiado pelo que vê.
Na minha opinião as pessoas têm se escondido, iludido e até enganado por trás dos relacionamentos virtuais, pode ser medo de se mostrar como verdadeiramente são, medo de se decepcionar, talvez a violência faça com que se prefira ficar em casa no computador.
Nada substitue, nem substituirá o relacionamento humano que é vindo diretamente do coração de Deus. O próprio Deus descia todas os dias para conversar com Adão, e após a queda não podemos mais vê-lo e temos que nos contentar em senti-lo e falar com Ele através das orações. Assim como há de sua parte a desejo de contato humano, assim Deus talvez não agüente mais esse contato que temos com Ele, praticamente "virtual". Mas em breve tudo isso passará, é o que nós anelamos.
Deus continue te inspirando, você tem me saído um ótimo poeta!!!!!!!!!!