
A felicidade está mais próxima do que imaginamos
Quero poder expor o que penso sobre a felicidade sem querer parecer que estou certo ou errado em relação a outros pensamentos diferentes, mas apresentando uma opção simplificada que pode mostrar uma felicidade mais coerente com o mundo em que vivemos e que pode estar ao alcance de qualquer um, independente do credo, da cor, da casa, do carro ou da carteira.
Acho sensato pensar que podemos encontrar uma explicação para a felicidade com quem é realmente feliz praticamente em todo o tempo: uma criança. Com ela aprendemos que a felicidade não depende exclusivamente das circunstancias que nos cercam. Já observei meninos em favelas, com os pés descalços, com um brinquedo imaginário em mãos , sujos, maltrapilhos e muitas vezes solitários com um sincero e invejoso sorriso feliz em seus rostos enquanto brincavam em meio a um ambiente inóspito. Me admira ver estas pequenas criaturas estamparem em seus olhos o brilho que é escasso em muitos adultos ricos que encontramos em seus carros blindados e com todo o conforto que o dinheiro pode comprar.
A minha primeira tentativa de descobrir o segredo desta felicidade tão simples está em tentar responder a uma pequena pergunta: na minha vida eu quero ser feliz ou quero ter razão? A resposta parece ser bem lógica e fácil, principalmente para quem vive ou está infeliz, mas não é. Se somos questionados desta forma, respondemos de pronto que queremos ser felizes, só que agimos de acordo com a segunda alternativa, mas a criança responde e vive a primeira opção.
Já observou quando um grupo de meninos está brincando por um bom tempo, sempre vai haver um conflito, uma briga, uma confusão, um empurrão, um choro. Eles se desentendem com muita facilidade (aliás, aprenderam isto conosco, adultos), reclamam, ficam irados, magoados, mas em questão de minutos estão de volta à brincadeira, como se nada tivesse acontecido. Aqui está o segredo.
A vida não está sobre nosso controle, ela não é exatamente como queremos que seja, o que acontece conosco nem sempre é justo e nem sempre segue uma lógica que projetamos. Há imprevistos injustos que nos atingem, há pessoas que estimamos e não nos correspondem, há amigos que nos traem, há doenças que nos fazem experimentar dores profundas, há balas perdidas que podem nos atingir, há uma violência urbana que pode nos tomar de assalto e muito mais. Não estamos imunes a estas coisa independente de nossa crença ou de nossa fé.
A resposta a tudo isto também é inevitável: a dor, o ressentimento, a ira e a indignação. Estaremos emocionalmente doentes ou demonstrando desumanidade quando somos vítimas de uma injustiça e não nos indignamos com ira ou tristeza. Estes sentimentos são normais e saudáveis como resposta às situações indesejadas da vida.
A criança sofre e sente tudo isto, mas ela é dirigida por um objetivo maior: o de ser feliz. Quando briga com um amiguinho que injustamente lhe rouba ou lhe bate, ela se irrita, se ira, responde muitas vezes agressivamente, chora e demonstra insatisfação, pois curte a resposta emocional de forma intensa. Mas, em seguida ela releva o caso, não busca ser a vítima do fato, não vai até o fim para provar que está certa e que seu amiguinho está errado, pois tem um motivo maior que o de provar que está certa: ela prefere continuar sendo feliz. E para isto, ela perdoa, esquece, anula sua razão e não se fecha até ser procurada, mas volta a brincar. Por isto é que ela é feliz em todo o tempo. Quem dera que nós adultos pudéssemos aprender a sermos felizes com as crianças...
Quantos casais perderam aquela festa, porque um ouviu um comentário que não gostou do outro e ficou “emburrado” a noite toda? Como seria diferente aquele dia se o ofendido quisesse mais ser feliz do que ter razão...
Quantas amizades estariam ainda hoje existindo alegremente se quem foi injustiçado quisesse realmente mais ser feliz do que ter razão e do que ver a justiça sendo feita...
Quantas famílias não seriam realmente felizes, se ao invés de cultivar as mágoas e ressentimentos dos erros do passado, ignorassem a tudo que sofreram por considerar que viver a felicidade de uma vida familiar é melhor do que ter razão. Como não seria tão satisfatório voltar para casa e passar momentos juntos!
Mas, parece que o peso de ser feliz é menor do que o peso de ter razão, ou seja, se for para perder a razão ou deixar de fazer justiça à minha causa, é preferível que eu viva uma vida infeliz! Esta é a nova lógica do mundo adulto, que sinceramente tem mais de insano do que de lógica.
Espero que esta pergunta esteja continuamente pairando na mente de quem está lendo este texto, nas situações em que cada um estiver enfrentando momentos que comumente nos tiram a possibilidade de sermos felizes.
Pois a felicidade está mais próxima do que imaginamos, e tão acessível que não precisa muito para tê-la em mãos. Mas, como tudo na vida: é uma questão de decisão!
Decida ser feliz...